Educação

Ciência e tecnologia de excelência em Pelotas

Cursos da UFPel crescem na avaliação quadrienal da Capes; Biotecnologia alcança nota máxima

Jô Folha -

A qualidade dos cursos de pós-graduação da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) aumentou nos últimos quatro anos. O fato é confirmado por avaliação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Dos 45 programas de pós-graduação (PPGs) analisados, 12 viram suas notas subirem. Destes, oito chegaram ao nível quatro, abrindo a possibilidade para a criação de cursos de Doutorado. A nota máxima, sete, foi mantida pela especialização em Epidemiologia e alcançada pela Biotecnologia.

No país, apenas dois PPGs em Biotecnologia são de nível sete: o da UFPel e o da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Os professores do curso atribuem a classificação ao trabalho coletivo de todos os envolvidos que se empenham, há 20 anos, na construção e consolidação do programa. A internacionalização das atividades, com colaboração em pesquisas internacionais, doutorados no exterior e alunos estrangeiros, foi peça chave para alcançar o sucesso. Hoje, a pós-graduação em Biotecnologia da UFPel alcançou um nível de excelência e pode ser comparada aos cursos da área oferecidos por universidades estrangeiras renomadas.

Mas, nem sempre foi assim. Criado em 1994, o doutorado em Biotecnologia recebeu nota um - a mais baixa - na primeira avaliação da Capes e foi descredenciado. Foi reformulado e, em 2002, conseguiu a aprovação para criar uma pós em Biotecnologia Agrícola. A mudança de nome e o afunilamento das linhas de pesquisa se deram devido aos importantes trabalhos que vinham sendo desenvolvidos no ramo. A ideia de montar um curso de doutorado, inclusive, nasceu da necessidade de captar os egressos dos mestrados nas áreas de Veterinária e Agronomia. Um ano depois, em 2003, o curso de mestrado foi criado.

No mesmo ano em que a área de Biotecnologia foi concebida pela Capes, em 2008, a graduação de mesmo nome foi criada na UFPel. Antes disso, a pós-graduação era avaliada na área de ciências agrárias. Quem passou por todas estas etapas do curso foi o professor Odir Dellagostin, atualmente diretor-presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs). A conquista, para ele, é resultado de um trabalho coletivo realizado ao longo do tempo e que, agora, conseguiu chegar a um nível de excelência. "Com muita alegria, podemos constatar que o Programa [de Pós-graduação em Biotecnologia] da UFPel é referência nacional e internacional", orgulha-se.

Uma das características da Biotecnologia da UFPel é a grande interação e troca de conhecimentos entre os alunos de diferentes níveis. Desde o primeiro semestre da graduação os discentes fazem estágio nos mesmos laboratórios onde trabalham os mestrandos e doutorandos. Luciano Silva Pinto, coordenador adjunto do PPG em Biotecnologia, afirma que esse fator favoreceu a conquista do nível máximo. A maioria dos egressos da graduação acaba fazendo mestrado e até doutorado na instituição. "Eles já conhecem o caminho para chegar na pós-graduação", explica o coordenador.

Um dos frutos do mestrado e doutorado em Biotecnologia foi a criação dos PPGs em Engenharia e Ciência da Computação, Engenharia Hídrica e Engenharia de Materiais, as chamadas engenharias de fronteira. Juntos, formam o Centro de Desenvolvimento Tecnológico (CDTec), coordenado pelo professor Tiago Collares. Ele afirma que a Biotecnologia mostrou, ao longo dos anos, uma grande maturidade acadêmica e científica e se destacou frente à comunidade.

Aumenta a responsabilidade e também os desafios
Luciano diz que agora o objetivo é manter a nota sete e realmente ser um curso de excelência. "Queremos seguir formando alunos de qualidade, que representem bem a UFPel e o curso", frisa. Continuar fazendo ciência e tecnologia de alto padrão apesar da crise e dos cortes na área promovidos pelo governo federal é outro desafio. Para o professor Tiago, uma das soluções pode estar na busca por recursos internacionais.

A boa infraestrutura conquistada nos últimos dez anos é um dos pilares para a manutenção do nível de excelência, explica Vinícius Farias Campos, coordenador de Inovação Tecnológica da universidade. A presença de pesquisadores conhecidos no corpo docente é algo importante para conseguir recursos como bolsas de incentivo à pesquisa - e isso é o que não falta. Dos 19 professores, 18 são considerados de produtividade junto ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Vinícius acredita que o empreendedorismo pode ser uma fonte de recursos para as pesquisas. A ideia é fazer as patentes criadas e conquistadas no curso chegarem ao mercado. Como eles não têm estrutura física para fabricar em escala industrial, a solução é fazer parcerias com empresas para que elas sejam responsáveis por produzir.

Reconhecimento discente
O Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia já formou 117 mestres e 94 doutores. De acordo com Lucielli Savegnago, coordenadora do programa, o padrão de excelência alcançado pelo curso atrai alunos do país inteiro e até do exterior. Atualmente, dois dos 53 doutorandos são colombianos, enquanto que entre os 20 mestrandos há um equatoriano.

Marcos Roberto Ferreira saiu de Minas Gerais para fazer o estágio final do curso de Veterinária na UFPel. Conheceu as linhas de pesquisa e a infraestrutura do PPG em Biotecnologia e decidiu voltar para se especializar. O doutorando diz que para o futuro pretende abrir o próprio negócio no ramo da biotecnologia. Ele fala que até pensa em ir ao exterior para se especializar, mas pretende trabalhar no Brasil. "Quem paga o nosso estudo é a população. Nosso dever é retribuir esse conhecimento adquirido."

Mariana Fronza, gaúcha de Vacaria, fez toda a sua formação na UFPel, começando na graduação até chegar ao doutorado, nível que está cursando. Uma característica interessante do curso, para ela, são as múltiplas visões que conseguem reunir sobre determinado assunto. Isso é possível porque os docentes da Biotecnologia têm participação em diferentes áreas como Odontologia, Farmácia, Agronomia e Medicina.

Crescimento em toda a universidade
O reitor da UFPel, Pedro Curi Hallal, destaca que 12 dos 45 cursos avaliados subiram na avaliação da Capes. A média, que antes era de 3.8, passou para 4.23. Apenas um PPG caiu no conceito. Segundo ele, a universidade vem trabalhando em iniciativas que visam manter as duas notas máximas e buscar outras nas próximas avaliações, feitas a cada quatro anos. Para estimular a internacionalização, Pedro lembra que existe o programa Inglês Sem Fronteiras (ISF), que ensina o idioma aos estudantes, professores e técnicos.

O que faz um profissional de Biotecnologia?
O profissional de Biotecnologia é apto a trabalhar tanto em indústrias quanto em áreas de inovação científica e tecnológica, por exemplo. Dentre as funções, desenvolvem vacinas, tratamento para doenças e produtos transgênicos. Abrange diferentes áreas do conhecimento, como a ciência básica, ciência aplicada e outras tecnologias. Atua utilizando agentes biológicos para obter bens ou assegurar serviços.

Critérios para alcançar nota máxima junto à Capes
- Ser de excelência e de referência nacional e internacional.
- Diferenciar-se em relação aos demais programas da área.
- Obter desempenho equivalente ao dos centros internacionais de excelência da área.
- Obter conceito muito bom em todos os itens de todos os quesitos da ficha de avaliação.

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